quinta-feira, 5 de abril de 2012

O café da manhã de nós dois

Texto: Wagner Sturion

Namorados, amigados, amasiados, casados etc. Quem tem uma vida a dois, já estabelecida, ora ou outra se assusta, às vezes, ao acordar. Convenhamos, o cabelo é madrasta nessas horas, o rosto inchado interfere em qualquer charme, o humor desequilibrado afasta até os cães (!), quem dirá o ser amado? Então vem aquela vontade doida de voltar para onde se encontrava o belo corpo, que foi esculpido tão bem pela natureza, a cama. O confortável lugar em que os enamorados vivem a paixão e o amor... Sagrado local, em que todas as noites, individualmente, os amantes flutuam e até se embebedam de seus sonhos. Alguns compartilhados no dia seguinte, outros esquecidos e/ou silenciados. Não importa. Somente o que é bom deve ser passado para frente. Guarde sempre isso. Tem algumas pessoas que fazem questão de ter como princípio esta pergunta: “– Com o que você sonhou esta noite?” É o tipo de questionamento que  deve ser retirado do seu caderninho de ciúmes. Cada um conta o que quer e se quiser. Guarde bem isso: um ser liberto de cobranças, naturalmente, relata para a outra quase ou tudo o que está pensando ou sonhou. Se ela perceber que será cobrada vai sempre medir as palavras para “revelar” o que sente, o que pensa, o que deseja.

Voltando ao despertar dos anjos, uma noite bem dormida, pode sim, afastar parte desse desalinho todo, mas é natural que as coisas não estejam tão no lugar no dia seguinte. E é bom que não estejam! Senão, a impressão é de se estar vivendo uma novela enlatada, em que os cabelos produzidos e as maquiagens não desmancham nunca. E os ambientes mesmo depois de uma longa noite de amor continuam com seus lençóis e fronhas passados e no mesmo lugar de antes... A vida real tem muito mais emoção. Não fossem esses momentos, com certeza, não haveria motivo para uma pessoa dizer a outra: “– Nossa! Você está especialmente linda, hoje!” (Por motivos, óbvios, jamais diga: “Nossa! Como você conseguiu ficar bonita, hoje!”). Antes de se levantar da cama, você pode e deve fazer juras de amor, falar coisas lindas a respeito de quem está ao seu lado, lembrando-se sempre que promessas são cobradas. Por isso, prometa menos e haja mais e com bom senso!

Enquanto os dois não passarem pelo toalete para pentear-se, escovar os dentes, enfim, arrumar-se, esqueçam, não falem nada além de um gostoso e imenso “-Bom dia!”, com sorriso no rosto. Nada de se levantar e já começar a desfilar as contas por vencer ou vencidas, comentar sobre problemas de saúde etc. Basta um bom dia, para que realmente o dia seja bom! Então, procure combinar um café da manhã ao menos duas vezes por semana. E compartilhem as tarefas. É muito bacana fazer isso aos sábados e domingos, pois a correria diária, muitas vezes, atrapalha esse “ritual”. Durante a semana, a dica é acordar pelo menos quinze minutos antes e fazer um café delicioso, reforçado, mas sem muita cobrança com a arrumação da mesa. Crie um ambiente informal e bem descontraído. Detalhe: compartilhe as tarefas semanais também. Se cada um se levantar 15 minutos antes, o resultado será meia hora de dedicação e delicadeza para se fazer uma boa refeição matinal.

Dessa forma, também se estabelece um diferencial para o sábado e o domingo a dois, o que se torna muito mais romântico. Se o casal já tem filhos, papagaios, cães, gatos, vale o compartilhamento desse amor, deixando bem claro para toda a família que esse é um momento único, preparado por duas pessoas que se amam e se respeitam, as quais pretendem somar ternura e carinho durante a primeira refeição do dia. E que os bichinhos também entendam e comam suas rações em paz e sem cobranças à mesa! Impossível? Com certeza, não. Diz o ditado, que o hábito faz o monge. Pois bem, a prática faz um bom café da manhã. A boa vontade faz o amor acontecer.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O tempo de cada um e a Maçã do Amor

Texto: Wagner Sturion

Da laranja para a maçã. Vamos começar a semana com a fruta que teria despertado a humanidade para o pecado. Pobre Eva, enganada por uma serpente do mal. Vamos e venhamos, maçã é realmente a fruta da paixão e do amor. Seria, realmente, difícil para ela resistir a tal tentação. Sua vermelhidão e seus sabores diversos retratam no ser humano sentimentos diferenciados: desejo, carinho, ternura, impulso, quietude, mistério...  Às vezes, muito doce, apenas doce, muito azeda, azedinha, insossa por dentro. Assim são também os relacionamentos.  Pois não há como ter todos os dias a mesma pessoa dentro de casa.  Cada ser humano é um. E é este o grande salto para a boa convivência. Compreender e ser sensível ao sentimento do outro – à variação de humor de quem vive com você – é primordial.

Como lidar com isso? Lembra-se da história da laranja? Comece respeitando os espaços. Falamos em chupar de uma mesma fruta para sentir aromas e sabores em um momento único. Na verdade, há como se ter o mesmo sabor e aroma, provando juntos, laranjas da mesma safra ou do mesmo pé. Mas, nessas horas, esqueça-se das maçãs, das laranjas ou de qualquer fruta para forçar uma experiência em conjunto. Se a pessoa quer estar em silêncio não significa que ela TE ODEIA! Apenas que precisa ter o seu momento de reflexão. O seu amor está se conhecendo melhor, buscando respostas, procurando caminhos. E você também faz isso, não? Tire então de sua ideia que o relacionamento está azedando ou ficando insosso. A quietude e o mistério são dois pratos que podem se tornar muito saborosos depois de uma atitude reflexiva. Claro, se você souber agir com humildade à interiorização da outra pessoa. Existem milhares de oportunidades de se compartilhar momentos. E esse é um tempo que todos também precisam na vivência a dois, ou seja, o espaço para pensar e curtir coisas, sozinho, sem interferências.

O segredo é se abrir para o outro e sentir que o carinho existente na relação não se perde nesses minutos de concentração, que, a seu ver, é de tremendo “mistério”. Sem essa de querer um coração desenhado todos os dias em uma folha de papel deixada na geladeira, avisando: Eu te amo! O excesso se esgota nos relacionamentos. É preciso ter maçãs com sabores diferentes. Muito vermelhas, mas nem tão doces. Menos vermelhas e azedas. Vermelhas e doces demais. Verdes! Maiores e menores. É a partir das diferenças que se atinge o equilíbrio. A grande serpente de um relacionamento é aquela que lhe tenta para invadir espaços e questionar o pensamento do seu parceiro e/ou parceira (amigo e/ou amiga). Viva a sua individualidade e deixe que a outra parte também viva a dela, pois o compartilhamento da “volta” sempre terá sabor de maçã do amor.